Baderna e quebra-quebra na USP
O vereador Paulo de Jesus, de Atibaia, participou na última terça-feira da invasão à reitoria da USP, a Universidade de São Paulo. Paulo de Jesus postou em seu Face Book, que tinha viajado à capital para participar de um evento, segundo ele, intitulado de “Masculinidades e Feminilidades”. Em seguida revelou no post aquele que de fato, ao menos em tese, poderia ter sido seu propósito, qual seja, participar da invasão, no meu entender, uma verdadeira baderna. O vereador que sentia orgulho de participar do ataque à USP, conta que já havia colaborado com a invasão anterior, em 2007, quando diversas pessoas foram detidas, inclusive por uso de entorpecentes, como maconha.
Resumindo: o vereador, que viajara à capital para participar de um evento, pelo jeito aproveitou para participar da baderna.
Postei no meu Face, um comentário de uma aluna da própria USP, que mora em Atibaia, e que ficou perplexa ao ver um vereador de sua cidade, que deveria estar em Atibaia, trabalhando por mais creches e escolas, participar de tamanha balbúrdia, e agressão a um prédio público. A aluna se queixa também que um professor deve servir de exemplo, e não o contrario.
Abaixo o print postado no Face Blog do Lorenzetti.
Vereador confirma no Face que participou da invasão
O vereador Paulo de Jesus divulgou uma nota em seu Face, atacando Lorenzetti. Negou que tenha havido bagunça, disse que a manifestação foi pacífica, e afirmou que não teria usado o carro da Câmara, disse que foi de ônibus ao evento e a manifestação. Abaixo a nota do vereador:
Resposta do vereador
Caro Fernando, como vai?
Gostaria de, por meio deste comunicado, comentar algumas de suas publicações que envolvem o meu nome e a minha conduta enquanto Vereador da cidade de Atibaia.
Quando li a publicação feita por você na sua página do Facebook… a respeito da invasão da Reitoria da USP, me senti no direito de produzir uma resposta. Como o senhor bem sabe, o direito de resposta é garantido por lei quando alguém se sente ofendido com alguma notícia que envolva o seu nome. Este é um caso.
Antes de entrar no assunto propriamente dito, eu gostaria de pedir gentilmente que, nas próximas vezes em que mencionar o meu nome ou a minha atividade na vereança, sinta-se à vontade para entrar em contato comigo antes de publicar quaisquer notícias. Você sabe, há muita informação desencontrada por aí e eu gostaria de contribuir para um jornalismo mais apurado. Afinal, a população às vezes pode acabar acreditando em inverdades. Ou ainda, se entrar em contato for muito difícil, pode também me marcar nas publicações que faz ao meu respeito. É de bom tom, assim como marquei você aqui. O Facebook é uma ótima ferramenta para propiciar a livre e democrática discussões de ideia e eu tenho certeza de que você, como jornalista, já sabe disso. Portanto, entendo que, por um descuido, você tenha se esquecido disso.
A respeito do ocorrido na USP, gostaria de salientar algumas coisas que talvez possam enriquecer a sua publicação. Para ficar mais fácil, separei em tópicos:
1) Não houve baderna: há um equívoco quando se menciona baderna. As aulas ocorreram normalmente na FFLCH e em outras unidades da USP. Os alunos eram livres para se juntar a manifestação ou atender às aulas.
2) Peça para a aluna que entrou em contato com você entrar em contato comigo. Talvez ela também esteja desinformada a respeito da importância do movimento que vem acontecendo. Você, como jornalista, deve se interessar pela história por trás dos fatos, né? Como, por um outro descuido, você deixou escapar a história para entender o que de fato ocorreu, aqui vai uma ajudinha: A invasão de 2007 foi extremamente importante para a vida estudantil da USP, principalmente pelas vitórias que o movimento conquistou. Como você deve saber, além de aluno da USP eu morei no CRUSP e sei o quanto é fundamental a moradia universitária. Com a invasão de 2007, nós conseguímos que o bloco A1 fosse construído. Tentar criminalizar o movimento por conta de uma minoria já deu certo antigamente, mas depois das manifestações históricas de 2013 nós aprendemos que nem tudo o que dizem por aí a respeito das manifestações são verdades, não é mesmo?
3) O propósito primário da minha ida à São Paulo não foi me juntar ao movimento estudantil. Como você deve ter lido, mas por um outro descuido não prestou atenção, fui participar de um seminário sobre “Feminismos e Masculinidades: Percursos, propostas e desafios para a equidade de gênero” (interessantíssimo, diga-se de passagem, você deveria pesquisar sobre o assunto.) organizado pela PhD, Profª Titular Sênior do Departamento de Sociologia da Universidade de São Paulo e ex-senadora da República Federativa do Brasil, Eva Alterman Blay. Acabei me juntando ao movimento após a participação no seminário, pois entendo que a manifestação seja legítima. Se houver ainda alguma dúvida sobre a minha participação no seminário, passe no meu gabinete que eu lhe entrego uma cópia do meu certificado.
Caro Fernando, agora, com um pouco mais de informação sobre o caso, você tem a oportunidade de escrever uma nova postagem ou matéria sobre o ocorrido, não é mesmo? Afinal, todo jornalista quer mesmo a verdade para poder esclarecer a população.
Para finalizar, gostaria de comentar algumas outras coisas que me incomodaram, e que uma rápida ligação poderia ter esclarecido. Talvez por mais um descuido, você tenha se esquecido de checar as informações. Vou colocar em tópicos novamente para ser mais didático (mania de professor):
1) Fui à São Paulo de ônibus da Viação Atibaia São Paulo. Saí de Atibaia às 11h e voltei no ônibus das 22h20. Se quiser constatar, sinta-se à vontade para solicitar as imagens do terminal rodoviário de São Paulo.
2) Na quarta-feira, com o carro emprestado do meu pai, voltei à São Paulo para participar do segundo dia do seminário. Também aproveitei para dar uma carona ao Professor Osni Dias, que participou de uma manifestação sobre a temática indígena (também uma ótima sugestão de pauta, caso se interesse pelo assunto. Afinal, o jornalismo deve prestar serviço à população por meio das informações, não é mesmo?). Desta forma, não utilizei nenhum veículo da Câmara Municipal de Atibaia para me deslocar à São Paulo.
Dito isto, gostaria só mais um minutinho da sua atenção. Talvez você e a aluna que entrou em contato não saibam, mas a minha filosofia de trabalho e conduta enquanto vereador são amplamente divulgadas nos canais pelos quais me comunico com a população. Se você ou a aluna acompanhassem um pouquinho mais o meu trabalho (dever de todo cidadão), saberia que sou provavelmente o único dos vereadores da cidade que se recuse a utilizar o plano de saúde privado. Sabe como é, tenho as minhas convicções e as defendo com atitudes como essa. Além disso, tenho iniciativas em conjunto com outros parlamentares que já estão frutificando: verba para a construção de novas creches, atendimento popular em bairros carentes para entender as reais necessidades da população e venho participando das reuniões do conselho municipal de saúde, só para citar alguns exemplos.
Por fim, gostaria de me colocar à sua inteira disposição para conversarmos pessoalmente e assim te colocar à par de todas as minhas atividades como vereador, para evitar novas confusões ou comentários pejorativos que vi em sua página. Aprendi que lutar pelo que acredito e acho que só desta forma conseguiremos melhorar a nossa cidade. A forma que encontrei de lutar por tudo isso foi entrando na vida pública, a qual muito me orgulho e aonde derramo muito suor para fazer o meu melhor e entregar à população serviços mais dignos e uma gestão mais transparente.
Um abraço, Professor Paulo Jesus